8.01.2017

Por onde deve ter andado Viriato?



Por onde deverá ter andado Viriato?
Por Viseu nunca, que ali não há serranias. Isso é ponto assente. Viseu está entre a Estrela e Montemuro, na posição estratégica mais frágil que imaginar se possa. Viriato não era louco. Se o fosse não teria durado tanto, nem teria nunca vencido hordes de 3000 soldados romanos em campo aberto.
Se alguma vez existiu alguma ligação entre Viriato e Viseu só podem ter sido as compras de fim de semana no palácio do Gelo...


Reconstituí o percurso que se julga terem tomado as invasões Romanas da Península e os exércitos do seu tempo. Cerca de 200 a 150 anos antes de Cristo. 
Os exércitos romanos tentaram sempre conquistar a Serra tanto pelo Norte como pelo Sul.


A azul, o nosso lado (NO) das defesas: Seia, Valezim, Lapa dos Dinheiros. Base logística também em Loriga e Alvôco para onde se desce desde o maciço central "rapidamente". 
Para Gouveia, as linhas da defesa teriam que compreender a zona da estrada que liga actualmente a Sra do espinheiro ao Vale do Rossim e que tem uma visibilidade máxima sobre todo o vale, desde Celorico praticamente até Penacova. 
Para lá, o Malhão e Folgosinho dominam tudo até à Guarda.


E depois o lado sul (SE) a verde - para conter os invasores vindos do Algarve. As serranias da Covilhã e a protecção dupla conferida pelo maior glaciar da europa: o de Manteigas seriam mais que suficientes. 
Com uma defesa destas não haveria exército que conseguisse entrar na Serra. Podiam ser os tais 40 mil - mas não eram mais do que 2 ou 3 mil de cada vez - que nunca conseguiriam entrar no maciço central assim protegido. Por causa dos desfiladeiros de acesso.


Viriato, se viveu, foi realmente aqui. Entre Seia, Gouveia, Manteigas, Covilhã (e Unhais da Serra).
Não participou em guerras em Córdoba nem o poderia ter feito. Não tinha nada que defender lá. Os historiadores espanhóis - e principalmente Pastor Muñoz - "puxam" Viriato para Espanha para os montes Cantábricos, para a Andaluzia, mas eu não acredito minimamente nisso. 
Não ponho em causa a investigação dos especialistas mas tratar-se-ia provavelmente de OUTRO guerreiro com o mesmo nome (era um nome comum) e não o nosso Viriato, o que defrontou e venceu várias batalhas aos romanos nessas paragens.
O nosso Viriato, na minha opinião, era um rei-pastor local e nunca saiu daqui - "da parte da Lusitânia voltada para o Oceano".


Loriga - Vila Lusitana - faz todo o sentido enquanto centro de abastecimento dos guerreiros mas também de morada e refúgio das populações locais. Realmente, se ninguém as protegesse, a partir dos montes e sobretudo desde a garganta com o mesmo nome, Loriga não resistiria muito tempo.
E só poderia ter sido Viriato e os seus descendentes a protegê-la.
Sem essa protecção, Loriga seria arrasada ou tornar-se-ia uma Aldeia Romana. 
Se nunca o foi, isso o deve às tropas da resistência - e portanto a Viriato ou aos seus seguidores.

Por outro lado, Viriato necessitaria de Seia, Gouveia, Folgosinho, Covilhã e Manteigas para a manutenção da logística dos seus homens e guerrilheiros.

Portanto, por estas razões - consolidadas com várias outras que em breve publicarei - só posso concluir que Viriato só poderia ter resistido aqui, na Serra da Estrela que, à época, seria praticamente inexpugnável.