1.12.2014

A verdade sobre as barragens e o seu veneno mortal: o metano


Há dezenas de estudos científicos - incluindo mestrados e doutoramentos - publicados sobre os malefícios que as barragens para aproveitamento hidroeléctrico lançam sobre as regiões em que se enquadram.
Esses malefícios são muitos e variados mas o principal, a meu ver, é o envenenamento contínuo do ar, via do lançamento de toneladas de metano na atmosfera.
Para além de ser o gás mais pernicioso no que se refere ao efeito de estufa, com um efeito 50 vezes pior que o dióxido de carbono, uma concentração de metano no ar envenena irreversivelmente toda a fauna, humanos incluídos, causando a rápida degradação de todos os nossos órgãos e não apenas os pulmões, como se pensava há anos. Fígado, rins, estômago, pâncreas e o próprio sangue são rapidamente afectados com a ingestão continuada deste veneno.

Em Seia - Girabolhos - vai construir-se uma barragem. A população ignora os seus perigos e que grande parte dos seus idosos e filhos vai adoecer e muitos não sobreviverão ao metano.
E a classe política no poder aproveita esse desconhecimento e rejubila, acenando com os postos de trabalho que essa barragem proporcionará. Que não serão nenhuns, quando entrar em funcionamento, como acontece nas demais barragens. São praticamente autónomas.
A oposição não tem coragem para remar contra a corrente de ignorância generalizada e cala-se para não perder votos.

Quem tiver 2 dedos de testa vê o que se passa em todo o lado onde estas obras foram prometidas como salvadoras dos concelhos e percebe que todas as promessas de progresso e desenvolvimento foram falsas. Depois de construídas e de entrarem em funcionamento, os postos de trabalho de uma barragem são 4 ou 5 pessoas, técnicos especializados espanhóis, neste caso, pois a barragem foi concessionada à Endesa. 
Durante a construção haverá dezenas de operários de construção civil contratados a nível nacional por agências de emprego. Serão alojados em contentores e farão as refeições trazidas por empresas de catering contratadas para o efeito. Quem espera um grande desenvolvimento regional ou é um absoluto ignorante ou é mal intencionado. A construção electromecânica será implementada por profissionais altamente qualificados e pelos fornecedores dos equipamentos. Não temos, por aqui, mão de obra com esse nível de qualificação, sequer.

Depois, teremos pelo menos 20 a 25 anos de envenenamento contínuo do nosso ar provocado por um dos gases mais venenosos que compõe a nossa atmosfera: o metano. Enquanto houver matéria florestal e animal em decomposição no fundo da albufeira, toneladas de CH4 serão lançadas na atmosfera que será respirada diariamente pelas populações de Mangualde, Celorico, Gouveia e Seia. 

Centenas adoecerão e dezenas morrerão precocemente devido a esse envenenamento contínuo. Já se sabe que o metano provoca asfixia e doenças respiratórias. Por ter carbono na sua composição - elemento que está na base da maioria dos produtos cancerígenos - estuda-se também essa possibilidade. Mas é claro que este estudo científico demorará anos a produzir resultados. E ainda mais a serem reconhecidos e tomarem forma de lei. Portanto, estaremos expostos durante os próximos 30 anos àquilo que já hoje se reconhece ser um veneno, embora não se tenha provado a sua mortalidade. Tal como aconteceu com o Urânio na Urgeiriça.
Estamos a pagar esse desconhecimento há décadas, com centenas de cancros  e mortes precoces em mineiros e familiares e residentes.
1 - SÓ SE APROVEITA 1/3 DA ÁGUA ARMAZENADA
Em primeiro lugar a primeira grande mentira: só se aproveita um terço da água armazenada na albufeira. 
Os restantes 2/3 infiltram-se no solo e nos lençóis freáticos ou são evaporados para a atmosfera, enchendo o ar de humidade com todos os inconvenientes para a agricultura e para os ecossistemas naturais.  

2 - HUMIDADES (NEVOEIRO) PERMANENTES = DOENÇAS
Passaremos a ter humidades permanentes muito acima do normal para a região, o que propiciará o aumento de doenças e infecções em idosos e crianças dado que o nevoeiro e a humidade são o veículo ideal para a transmissão de bactérias em suspensão. 
Já não há crianças mas ainda há idosos. E cada vez mais. O aumento da humidade contribui para resolver mais rapidamente o problema desse "fardo" social, como agora é encarado.

3 - HUMIDADES = PERDA DE QUALIDADE DA VINHA E AZEITE
A humidade que se instalará é, pois, propícia para o transporte de toda a espécie de bactérias que atacarão as culturas. E se algumas podem não se ressentir com essa humidade acrescida e instalada, como ºe o caso dos produtos hortícolas, outras fatalmente sofrerão grande perda de qualidade. Nomeadamente a vinha de alta qualidade que temos nestes concelhos, e o azeite. Que não se dão bem com humidades excessivas todo o ano.

4 - CHUVA ÁCIDA = CULTURAS, BENS E SAÚDE PREJUDICADAS
Com uma libertação desmesurada de Metano para a atmosfera - toneladas nos primeiros 20 a 25 anos enquanto não se decompõe totalmente a flora submersa - as chuvas passarão a ter uma componente ácida, o que ajuda ao panorama negativo na saúde e nas culturas em toda esta região. A população começará a percebê-lo  rapidamente na "queima" das culturas e depois nas pintura dos carros.

5 - NEVE AUMENTA DE COTA OU DESAPARECERÁ
Por outro lado, este aumento de humidade e consequente aumento de temperatura afasta a neve em cotas baixas e médias, substituindo essa neve, que é apenas água pura, por chuva ácida - água misturada com Metano

6 - MATÉRIA ARRASTADA DEPOSITA-SE NO FUNDO ENCURTANDO PARA 40 ANOS A VIDA DA BARRAGEM.
Outro assunto de que ninguém fala é: o que acontece à matéria que é arrastada para a barragem? Deposita-se no fundo da albufeira fazendo com que rapidamente esse lixo se amontoe e obstrua os colectores de água para consumo e para a produção de energia. Em 5 anos, com os incêndios e arrastamento de madeiras e matéria ardida para as albufeiras - de onde não podem seguir rio abaixo -  as barragens poderão perder 25 a 30% do seu volume útil de água. O que aponta para um prazo útil de uma barragem destas, construída em terrenos acidentados e arborizados, da ordem dos 40 anos e não mais. Depois disso a barragem torna-se inútil. Está assoreada e cheia de lixo na sua bacia e pouca água susterá.

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7 - OS 2 PRINCIPAIS VENENOS PRODUZIDOS NAS BARRAGENS: CO2 e CH4
Estes, os principais venenos que as barragens produzem: o dióxido de carbono e o metano. O primeiro ainda pode ser absorvido pela vegetação (qual?) mas o segundo, não. 
E o metano envenena - é o termo - toda a vida animal. Há reportagens nos canais de TV por cabo em que se pode ver o efeito que até pequenas barragens nos EUA e na China produzem nas populações limítrofes. Nelas se pode ver que populações inteiras foram dizimadas e várias até deslocalizadas para "fugirem" ao metano que aporta consigo o envenenamento progressivo do sangue e dos orgãos vitais em pessoas e animais.
Origem da produção de metano e de dióxido de carbono em barragens.

Aqui claramente explicado o mecanismo de envenenamento produzido nas barragens.


8 - A EXTERMINAÇÃO DE TODA A FAUNA PISCÍCOLA A JUSANTE. E PARCIAL A MONTANTE.
As barragens são barreiras intransponíveis para matéria e fauna piscícola. Um brutal estanqueamento no percurso dos sedimentos, matérias orgânicas e vida animal é introduzido em cada barragem que se constrói. Ali morre tudo o que desce o rio.
9 - O DESASSOREAMENTO DAS COSTAS É DEVIDO ÀS BARRAGENS
A degradação da costa tem muito a ver com a falta de assoreamento das mesmas. O mar deixa de ter barreiras naturais diariamente depositadas ao seu avanço e, por isso, galga a costa com  maior intensidade a cada ano que passa. Os rios praticamente desaparecem no verão matando toda a vida no seu curso e margens. 
No nosso caso, aqui em Seia, poderemos passar a fazer piq-nics em pleno leito debaixo da ponte Mondego durante o verão, onde não passará um fio de água, pois a barragem de Girabolhos reaproveita a água que move as turbinas durante o dia, reenviando-a para a albufeira à noite. Conclusão: o Mondego, como o conhecemos, desaparecerá. 
Vamos ver o que acontecerá às Caldas da Felgueira e àquele magnífico espelho de água no Verão...





Este e outros textos ficarão escritos em vários locais para que as gerações vindouras possam avaliar os alertas que eu aqui deixei sobre a miserável e corrupta classe política nacional que rapidamente vende este país aos interesses da alta finança estrangeira e sobre os medíocres e ignorantes políticos locais que não vêem um boi numa recta por não possuírem uma réstea de inteligência naquelas cabeças, completamente preenchidas com os jogos diários para a manutenção do caciquismo e a propagação do obscurantismo que os têm mantido no poder.


EPÍLOGO:
Quando as populações começarem a sofrer na pele tudo o que aqui está alertado - porque já acontece em todas as barragens por esse mundo fora - irão pedir responsabilidades a quem já não estará no activo para receber essas reclamações. Todos esses governantes têm a sua vidinha bem composta e o futuro dos descendentes assegurado. Nalguns casos até à 5ª geração.
E o povo que aguente. Ou que se vá embora.

Esquemas retirados da tese de mestrado de Rita Maria Ferreira da Fonseca: Impactos ambientais associados a Barragens e Albufeiras