3.21.2013

A Capital das estradas cortadas para a Serra

Um presidente iluminado que por cá tivemos chamou um dia a Seia "a capital da neve". Desde esse dia nunca mais cá nevou. Não foi feitiço: foi a Aguieira. 
Se construirem a barragem de Girabolhos e a nova da Covilhã passa a nevar apenas na Torre. Mas não constroem, porque já nem os tubarões da alta finança, que sempre mamaram juros de 16%, acreditam nisto.

Agora somos é "a capital das estradas cortadas para a serra". 
Os limpa-neves trabalham das 9 às 5 da tarde. Se neva durante toda a noite, ao contrário do que se passa em todo o mundo civilizado, os trabalhadores estão em casa a dormir. 
Um método original e só nosso. 

Às 9 da manhã está, naturalmente, um muro brutal de neve construído. O trabalho é 100 vezes maior do que se os limpa neves tivessem passado durante a noite. As estradas estariam abertas e os carros que passam naturalmente derreteriam a pouca que ainda fosse caindo.

Mas aqui não se faz o que se faz em toda a europa, não! Portanto as estradas estão cortadas de manhã, e vamos começar a trabalhar pontualmente às 9 como se fossemos para o escritório. 
Se às 5 horas faltarem 2 metros para abrir completamente a estrada, acabou o trabalho. Volta-se para trás, que está na hora e ninguém nos paga horas extraordinárias. 
No dia seguinte o muro de neve lá está outra vez às 9 da manhã. E assim sucessivamente. 

Ninguém imagina trabalho mais inútil e estúpido do que este. Mas pelos vistos basta uma justificação de um chico-esperto qualquer para que tudo continue na mesma. 

Investigue-se esta vergonha e calculem-se os milhões que a rapaziada do centro de limpeza de neve está a provocar em prejuízos à nossa região. 
São milhões por ano! 
Estivemos sem acesso à Torre durante todo o Carnaval - dezenas de milhares de automóveis voltaram para trás no Sabugueiro - e nos últimos fins de semana também. 

No último, chegaram ao requinte de malvadez de limparem o lado da Covilhã enquanto deixaram fechado o lado de Seia.
Alguém se queixa? Tudo encolhe os ombros enquanto esta rapaziada vai matando alegre e impunemente a única indústria que ainda por cá tinhamos: o turismo.