11.21.2003

O problema (da falta) do Ensino II

A Justiça, a disciplina, o rigor

A primeira coisa que um aluno faz, no início de cada ano, é testar cada professor.
Descobrir-lhe os tiques, os pontos fracos, as hesitações, as imprecisões.
Acompanhei o meu filho, no primeiro dia de aulas à  sua escola (que não é a minha) e fiquei simplesmente aterrado com o que vi.
Logo na apresentação, os alunos faziam o que queriam. Riam, brincavam, conversavam virados para trás, não ligando a mínima a dois pobres professores que para ali estavam a falar para ninguém, como se estivesse tudo normal.
E estavam lá adultos! Eu e mais 3 pais.
Incrível!
Assim, não há hipóteses.
É claro que apanham logo alcunhas, é claro que nunca mais têm o respeito dos alunos.
Mas isto é a maioria, pelos vistos.
A disciplina, em ambiente de serenidade e sem constrangimentos, é absolutamente necessária para se transmitir seja o que for a um aluno, e para se poder trabalhar com ele.
Agora, a disciplina não pressupõe berros constantes, gritos, ameaças, num pseudo clima de terror.
Isso é para rir, nos dias que correm.
Há dias, durante um teste que estava a dar a uma turma do 7º ano, eu e os meus alunos tivemos que ouvir uma aula inteirinha de uma colega que começou aos berros do princípio da aula até ao fim.
É completamente absurdo que se possam dar aulas nestas condições. É também inacreditável o aparelho vocal da colega que, ao que me informaram, faz isto há anos.

Mas então: acham que é aos gritos que se transmite conhecimento?

E necessária e urgente uma mudança filosófica relativamente às exposições tradicionais.
Eu defendo, por exemplo, que todas as aulas deviam ser abertas à  comunidade escolar, que devia ser obrigatório o registo em audio e vídeo de cada aula de cada professor.
E que o visionamento das aulas devia ser aberto ao público, sempre que tal fosse solicitado por pais ou educadores.
Apenas essa medida isolada melhoraria a qualidade do ensino em 100%.
É preciso transparência. O mais possível.
E transformar a Escola, que hoje é mais um local que os alunos têm que frequentar por obrigação e por isso transformam o mais possível em àrea de lazer, numa "fábrica" de investigação; numa instituição onde, de facto, se ensine e se aprenda mesmo.