3.03.2002

Carta a Durão Barroso em plena campanha eleitoral

Da estupidez galopante do povão à tentativa (pelos vistos, inútil) de o educar, ou:
A fonte do verdadeiro poder: o "jornalismo" televisivo.


Sr. Dr. Durão Barroso:

Quando vemos um país preso à televisão durante horas e horas a fio a assistir à discussão em torno da veracidade da queda na àrea do João Pinto e quando vemos um presidente da Câmara a fugir da populaça analfabeta a quem não consegue transmitir, por mais entrevistas que dê às televisões, as razões que lhe assistem, não podemos deixar de concluir que *a 2ª lei da termodinâmica até socialmente prova a sua correcção.

O produto do mecanismo estupidificante massivo e continuado das
televisões e do jornalismo em geral - o povão profundo- vai perdendo
a noção da sua idiotice auto e hetero construída e vai esquecendo a inibição natural própria da sua manifesta ignorância e invadindo a sua área de influência - o povão que o rodeia - de forma directa e interveniente, manifestando cada vez de forma mais clara o orgulho que a imensa ignorância lhe confere.
Depois do orgulho gay, exibe-se agora o orgulho da miséria intelectual,
da mediocridade diariamente incentivada e já institucionalizada,
e o supremo orgulho do analfabetismo convicto do povo português.


Uma questão coloco, pois, neste contexto:
Se é verdade que *a entropia (confusão, caos) só pode
aumentar em cada momento e nunca diminuir ou mesmo manter-se - por isso é que é fácil partir um copo de vidro ao deixá-lo cair, mas por mais arremessos subsequentes das partes nunca mais se pode obter o copo reconstruído, ou se quiser, por isso é natural envelhecer e todas as nossas funções vitais se irem desorganizando até entrarem em falência e impossível rejuvenecer, ou mesmo parar o envelhecimento –

1)

O que o leva a lutar pelo governo de um país
constituído por 9 milhões e meio de analfabetos funcionais que nunca perceberão mais do que uma frase (refrão) do que o sr. transmita, ileteracia esta dedicadamente
fabricada e consolidada no dia-a-dia por uma elite "jornalístico"-televisiva que julga estar a salvo e acima de qualquer poder?
2)
Tem o sr. consciência de que, diga o que disser, o que vai passar verdadeiramente para o povo é o tratamento "jornalístico" que a seguir for dado às suas palavras?
3)
Há alguém nos seus quadros que entenda de comunicação popular (massiva) e da forma de evitar as rasteiras pré e pós-jornalísticas? Se há, onde esteve até agora?

Grato pela atenção.